quarta-feira, 17 de abril de 2013

Veralinda Menezes


Quem é Veralinda Menezes?

Veralinda Menezes é uma menina que nasceu Vera Lúcia Mancilha na cidade de Porto Alegre em uma família de 8 irmãos, e que sonhava que quando crescesse iria ser rica como suas colegas de colégio.
Como assim?

É que eu era bolsista da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e estudava (durante o antigo ginásio) no Colégio Ruy Barbosa, uma escola de elite da comunidade israelita porto-alegrense, no tradicional Bairro Bonfim (Bonfa). Por ser de família pobre acreditava que todos que estavam lá eram muito ricos. Eu gostava demais de ir à casa dos meus colegas. Filava o almoço, olhava tudo com atenção e sempre perguntava: como é que vocês têm esse apartamento, essa casa com piscina? Quem comprou? Da onde vem o dinheiro pra comprar essas roupas? E então fui descobrindo que a maioria deles recebeu seus bens da própria família. Uns eram donos de empresas e outros eram profissionais de sucesso, como médicos, advogados e engenheiros. Foi quando descobri que para ser um profissional de sucesso tinha que estudar bastante e fazer um tipo de teste chamado vestibular. E estudar mais ainda.
Aí pensei: dinheiro de família não tenho; pra ter empresa precisa ser muito rico, mas estudar bastante eu posso. Eu já precisava estudar muito para manter a bolsa de estudos, senão a perderia. Eu já era uma apaixonada pelos estudos e sempre me destacava na escola e então resolvi me dedicar mais ainda.
Era uma das melhores alunas do Colégio Ruy Barbosa. Sentava sozinha o mês inteiro, mas nos dias de prova meus colegas chegavam cedo pra disputar o lugar ao meu lado, e eu dava cola toda feliz e orgulhosa. No curso técnico em Contabilidade da ACM -Associação Cristã de Moços fazia parte do grupo dos CDF , e na PUC/RS, me formei em 2º. lugar no curso de Bacharelado em Ciências Contábeis. Depois fiz dois concursos públicos de nível superior e passei nos dois. Assim, finalmente, tinha atingido meu objetivo.

O que você tirou de importante desta fase do colégio, convivendo com pessoas tão diferentes e qual o reflexo disso?

Achei super mega importante na minha vida essa convivência com pessoas de um nível social elevado, porque eu estava em contato quotidiano com um mundo diferente do meu, onde havia melhores condições , e acho que isso foi o que impulsionou a minha vida.
Era um mundo real e possível. Ou seja, querer ser como eles e saber que através do estudo poderia chegar lá foi determinante na minha trajetória.
É um dos motivos que me levam a defender as quotas e os sistemas de bolsas de estudo, porque possibilitam que pessoas de níveis sociais diferentes possam conviver e aprender muito uns com os outros.

Religião e Família

Você acredita em Deus? Qual é a sua crença?

Acredito em Deus e acho que ele não faz nada por ti se tu não fizeres também. Creio que temos vários caminhos que nos levam a ele como a Umbanda, que era religião da minha mãe, a Católica onde fui batizada, a Evangélica, onde frequentava a escolinha dominical e a Messiânica, onde frequento hoje para receber Johrei.

Fale sobre a sua família

Meus 04 filhos e minha neta são a paixão da minha vida: a Sheron e a Schena (que adotou o nome artístico de Sol), o Drayson e o Draiton (que me deu a minha neta Manuela) . Amo demais! Eu sempre brinco dizendo que tenho 03 filhos artistas e 01 normal, que é da área da informática.

Hoje metade da família mora no Rio de Janeiro (os artistas) a outra parte mora em Porto Alegre (RS)

Além da Sheron, quem são os artistas?

Drayson Menezzes e a Sol Menezzes (pseudônimo da Schena) Quando a Sheron começou a se envolver com arte, os outros irmãos também começaram. A Sol começou a modelar aos 05 anos e aos 8 já estava estudando teatro. Hoje cursa graduação em teatro na Universidade da Cidade, no Rio de Janeiro. O Drayson Menezzes começou já pelos 12 anos. Ele começou estudando teatro, e depois passou pra dança e pra música. Estudou um pouco de capoeira e se encontrou no Hip Hop, chegando a participar de festivais.
Mas ele sempre foi muito ligado a música . Compõe e tem uma voz belíssima, grave. É o típico ator para musicais, que canta, dança e interpreta. Está concluindo a graduação em teatro e deve se formar neste ano. Desde que chegou no RJ tem participado de peças teatrais e também trabalhado como modelo em campanhas publicitárias.

Eles pretendem fazer televisão, como a irmã?


Ambos tem feito testes, e recentemente fizeram participações na TV Globo. O Drayson esteve na novela Cheias de Charme e a Sol no especial de Natal “Doce de Mãe”, com a Fernanda Montenegro.

Literatura e Arte

Você chegou a exercer a profissão para a qual se formou? E como foi que a arte entrou em sua vida?

Exerci sim… Trabalhei por mais de 35 anos! Quando criança fui doméstica, adolescente trabalhei no comércio, e depois de formada trabalhei como assessora de empresas, contadora, perita e auditora. Mas acho que o corpo da gente tem uma tomada que desliga para corrigir a nossa rota. Há algum tempo tive um problema de saúde que me afastou das minhas atividades profissionais, e que até hoje me impede de exercê-las na sua plenitude. Sofri bastante, me afastei do mundo, não queria mais viver. Até que o dia em que escutei uma chamada no rádio para um concurso de novos escritores. Achei a ideia interessante. Percebi que a história que eu contava pra Sheron quando criança se encaixava no Edital.

Procurei mais informações e então coloquei no papel o conto de fadas Princesa Violeta e enviei para o concurso. Não ganhei, mas a vontade de ver a obra publicada me deu um novo ânimo e despertou a artista que jazia em mim.
Começamos a buscar editoras para publicar Princesa Violeta e paralelamente a isso algumas professoras começaram a me pedir para ir nas escolas contar essa história. O que me deixava muito feliz. Nessa caminhada conheci pessoalmente o g rande ator Milton Gonçalves e a nossa maravilhosa Zezé Motta, que se apaixonaram pela história do livro, que ainda era um protótipo, e se engajaram na caminhada para torná-lo realidade.

Em 2008, ainda sem alguma editora que mostrasse interesse na publicação, a Sheron topou bancar a primeira edição(independente). O lançamento foi bolado de um forma diferente: como contação de história, dramatizada e cantada, durante o festival de teatro “Porto Verão Alegre”. Foi o maior sucesso! E assim, junto com o livro nasceu o projeto Contando e Cantando Princesa Violeta.
 livro já está na terceira edição, publicado pela Editora dos Príncipes Negros.

Hoje Princesa Violeta já andou por vários lugares no país como a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, Feira do Livro de Porto Alegre, Universidade Zumbi dos Palmares, Mesas Educadoras da Unesco, Casa de Cultura Mário Quintana de Porto Alegre, Biblioteca …….na Bahia.

Aqui no Rio de Janeiro além do lançamento que a Sheron e seus amigos artistas promoveram na antiga Livraria Letras e Expressões, tive a alegria de conhecer a Stella Maris Cermento que promoveu o lançamento de Princesa Violeta na Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, da Biblioteca de Manguinhos entre outras.

Quando foi que você achou que Princesa Violeta era uma obra que faria a diferença na vida das pessoas?

Primeiramente pela alegria e o estranhamento da minha filha, a Sheron, por se ver retratada na história que eu contava pra ela. E quando o Milton Gonçalves me disse que havia gostado da obra, colocou o protótipo debaixo do braço e se empenhou pessoalmente em mostra-la a outras pessoas e a tentar ajudar na busca de uma editora, quase não acreditei. E quando a Zezé se juntou a nós, fazendo o prefácio do livro, pra mim foi a glória.

Acho que toda vez que eu conto a história e vejo o brilho nos olhos das crianças, que se veem retratados na obra ou quando eles apontam e dizem, ó tia, parece meu, pai… parece minha mãe.. É quando as pessoas me revelam que por terem olhos ou cabelos escuros ou crespos não se viam retratados nos contos de fadas.

Um outro momento especial pra mim foi quando durante uma visita que fiz a Globo com a Sheron, o Lázaro Ramos elogiou meu livro dizendo que o havia conhecido na Livraria Kitabu, RJ, quando fora escolher uns livros para a festa de aniversário do filhinho dele e da Taís, e que o havia comprado. E no mesmo dia a Camila Pitanga me “cobrou” um exemplar pra filhota dela… Então pensei: realmente estou no caminho certo. A Minha obra conseguiu cativar as pessoas.

Outras publicações além de Princesa Violeta?

Sim, já foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre o livro escrito em homenagem a minha caçula A Sol Menezes, pela Editora Príncipes Negros o livro: Lilindda, minha amiga Rosinha.
Que conta a história de uma menina que está conhecendo seu primeiro amor, e nessa caminhada, divide seus segredos com uma amiguinha imaginária Rosinha, uma anja negra.
Ele retrata a nova classe média brasileira, além das referências afro-brasileiras como a capoeira e o hip hop.
Tenho mais três livros escritos, aguardando publicação… mas isso é uma outra história

O Musical

“PRINCESA VIOLETA O CONTO DE FADAS QUE MUDOU O MUNDO MÁGICO”
Hoje, além do livro, temos 14 músicas de minha autoria (letra e melodia), que foram compostas especialmente para contar a história da Princesa Violeta, que ainda nesse ano, se Deus quiser, vai virar um grande musical.
O projeto está enquadrado na Lei Rouanet, já tem número de Pronac e também já saiu a publicação no Diário Oficial da União, para quem estiver interessado em patrocinar, o contato é principesnegros@gmail.com. Nosso site do musical ainda está em elaboração, mas o do livro é www.princesavioleta.com.br.

Além da Sheron, que outros artistas estão no elenco?

Nosso querido Milton Gonçalves, como o grande Gênio Solemar, o avô da Princesa Violeta, o maravilhoso Rafael Zulu como o Príncipe Encantado, o talentosíssimo Sérgio Menezes como o valente e apaixonado Songai, entre outros artistas que ainda serão selecionados, sob a batuta do nosso amigo o diretor Luiz Antonio Pilar.

Na parte musical já contamos com a parceria do nosso querido Altay Velozo e do produtor musical Léo Guimarães.

Pelo elenco pode- se dizer que é um espetáculo negro?

Claro que não! Senão teríamos que dizer que os demais espetáculos, onde são poucos ou inexistentes os atores negros, são espetáculos brancos!

Quanto ao elenco e aos personagens há um equilíbrio entre brancos e negros. Queremos fazer um grande musical, dirigido a toda a sociedade, a arte pela arte, um espetáculo para todas as famílias! O fato de haver mais personagens ou atores negros do que usualmente se vê no teatro brasileiro não carimba o espetáculo com essa ou aquela cor. Ademais, o conto de fadas é uma temática universal, pois fala direto ao coração de toda a família. A única classificação que cabe ao musical é se é infantil, adulto ou livre.

Precisamos muito disso, de atores e personagens negros em histórias universais, que falem de sonhos, de cotidiano, seus dramas e suas comédias…

Resuma Princesa Violeta?

É um conto de fadas que conta a história de uma belíssima princesa, que vive feliz em um reino muito rico, até o dia em que descobre que seu pai preferia ter um filho homem. A história é focada no desejo da Princesa Violeta em mostrar ao seu pai o valor das mulheres.

Serviço: O Livro está a venda a venda nas livrarias Saraiva, Livraria Cultura, Livraria Kitabu, e pelo site www.princesavioleta.com.br

Créditos da matéria acima:
por Ruth Lopes | 29/03/2013
http://www.mulhernegraecia.com.br/


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